quarta-feira, 10 de março de 2010

Depende do jeito que a gente vê! – II

Voltando ao último texto que escrevi no Blog, tudo depende do jeito que a gente vê. Como portador de TDAH sou mais do que adepto dessa posição.

Muitos acreditam que o portador de TDAH deve ser analisado e julgado pelos sintomas do transtorno tão somente. Descartam a realidade de que nem todos manifestam as características em sua totalidade.

Confesso que me enquadro naqueles que passam com “louvor” nos testes aplicados aos portadores. Mas isso não quer dizer que sou tudo, ou estou em tudo aquilo relacionado ao TDAH.

Sempre fui de difícil convivência. A impulsividade na comunicação, sem filtros para as minhas colocações e falas, sempre me trouxe problemas. Outra questão envolve a desatenção, o que me leva muitas vezes a “não ouvir” o que as pessoas dizem, por estar eu “ocupado” com outras coisas (viajando...). Sempre fui daqueles que fazem as coisas do próprio jeito, meio que senhor da verdade. Todavia, de uns tempos para cá, vejo que isso tem mudado em minha vida. Meu orgulho e presunção, já não são os mesmos a tempos... Não gosto de rotina. Quem anda comigo sabe disso. A rotina me deixa entediado. Gosto de fazer coisas diferentes (muitas vezes ao meu jeito), mas tudo na vida é negociável. Tenho prazer em passear, viajar, sair. Todavia, como em muitos casos me sinto incompreendido, acabo fazendo certas coisas sozinho. Mas não que essa seja a minha vontade. Companhia é sempre agradável, e bem vinda. Mas prefiro que ela sempre venha acompanhada de compreensão. E quem é que não precisa ser compreendido???

Sempre fui taxado de mal humorado. Acho até que isso é verdade. Porém, vejo que isso também tem mudado em minha vida. Claro que ainda tenho os momentos de instabilidade, mas deixei de ser ranzinza há certo tempo.

No tocante a questões mais íntimas, acredito que o relacionamento deva ser valorizado como um todo. Isso pode causar estranheza, mas a verdade é que entendo que a intimidade em um relacionamento envolve muitos mais a cumplicidade e o conhecimento da outra parte do que o contato físico em si. Mais importante é sabermos quem está ao nosso lado, do que apenas se satisfazer com essa pessoa. Não são raros os casos em que a certa altura do relacionamento, olhamos para o lado e não mais sabemos quem é a pessoa que está deitada conosco. Isso é frustrante. Valorize a comunicação, a amizade, o comprometimento entre os dois. Isso tornará o relacionamento muito mais interessante e não apenas focado em uma ou duas coisas.

Portanto, digo mais uma vez: tudo depende do ponto de vista, do jeito que a gente vê.


“Eu vivo sempre no mundo da lua

Porque sou um cientista homeopata

Futurista e lunático

Eu vivo sempre no mundo da lua

Tenho alma de artista sou um gênio

Sonhador e romântico

Eu vivo sempre no mundo da lua

Porque sou um aventureiro

Desde o meu primeiro passo

No infinito

Eu vivo sempre no mundo da lua

Porque sou inteligente

Se você quer vir com a gente

Venha que será um barato

Pega carona nesta cauda de cometa

Ver via láctea

Estrada tão bonita

Brincar de esconde-esconde

Numa nebulosa

Voltar pra casa

Em um lindo balão azul” – (Guilherme Arantes)

Um abraço a todos.